Em uma noite para celebrar e consolidar Altamira como símbolo da valorização da cacauicultura local, foi aberta a 3ª edição do Festival Internacional do Chocolate e Cacau, Chocolat Xingu 2024, o maior do setor na América Latina.
Marcada pelo sucesso de público, com mais de 15 mil pessoas transitando pelo Centro de Eventos Vilmar Soares, a abertura do festival foi iniciada com apresentações de grupos folclóricos e a fala de autoridades de Altamira e região, além de representantes políticos e de instituições da agricultura local, que declararam o início as atividades do evento.
Neste ano, o Chocolat Xingu conta com a participação de mais de 150 expositores e de 200 marcas de chocolate, gerando possibilidades de negócios para produtores de cacau e de chocolate da região Transamazônica e Xingu.
Como o expositor Elias Nazaré Moraes, que veio da cidade de Porto de Moz, com a marca ‘Cacau Sonho Verde’. Marca lançada a pouco mais de 6 meses, mas que já está tendo a oportunidade de mostrar seus produtos em um festival internacional. “É a primeira vez que estamos participando, é uma alegria muito grande porque nós estamos apenas seis meses que nós lançamos a nossa fábrica de chocolate artesanal e para nós participar de um Festival desse tamanho, em menos de um ano de empresa, é uma alegria muito grande, uma satisfação e uma grande conquista”, comemora.
Realizado pelo terceiro ano consecutivo em Altamira, o Chocolat Xingu, abre portas para os produtores da cidade que, segundo dados da Secretaria Municipal de Agricultura (Semagri), produzem, anualmente, 7 mil toneladas de amêndoas de cacau, sendo a maioria vinda do Assurini, zona rural da cidade.
É de lá, especificamente no ramal Jaraninha, que vem Elias de Castro, proprietário da marca ‘Chocolate Esperança da Amazônia’, que neste ano trouxe muitas novidades e destaca a atuação sustentável de sua marca. “A novidade que trouxemos e que a gente tem orgulho de apresentar, é o cacau 100% com óleo de coco e a bananica frita no óleo de coco, que é uma delícia. Porque a intenção da gente, Chocolate Esperança da Amazônia é preservar a cultura e também trazer para o público as novidades do cacau, porque o cacau tem os seus derivados, e também agregar o conhecimento cultural”, relata.
No stand que recebeu da Prefeitura de Altamira, Elias agregou os conhecimentos e os materiais produzidos por todos os membros da família. O empreendedor conta ainda que a realização do festival é uma oportunidade de negócios e agradece o apoio da gestão municipal. “Minhas filhas produzem o artesanato, o tio da minha esposa produz os remos, e as crianças já produzem as pinturas, e também tem minha outra filha, que mexe com pintura indígena. A família toda está participando do evento em massa. Esse festival é uma oportunidade para a cidade de Altamira, é muito gratificante participar, deixa a gente realmente com o sentimento de missão cumprida que a gente realmente está contribuindo para o crescimento do município, com essa gestão tem ajudado muito a gente porque tem dado atenção para a questão rural, então a gente só tem a agradecer aos organizadores a toda e a equipe que trabalhou para que isso seja realizado”, agradece.
Esta edição conta com o lançamento de diversas marcas, não só de chocolate, mas também de outros ramos, que veem o festival como uma oportunidade de alavancar seu negócio e trazer visibilidade. Esse é o caso de dona Maria de Belém Andrade Vieira, mais conhecida como Belém Andrade, natural de Baião, oeste do Pará, mas moradora de Altamira há mais de 40 anos. Cacauicultora e costureira, a empreendedora resolveu juntar as duas paixões e lançar uma marca de estampas de roupas de cacau.
“Andando nas nossas florestas eu vi a riqueza que nós temos aqui de agregar não só o cacau, mas outros frutos nas estampas. Então, primeiro por causa da paixão pelo cacau, nós agregamos o cacau nos tecidos e está aí essa beleza, essa riqueza que compõe esse vestuário maravilhoso”, comemora o resultado do trabalho.
“O Festival de Chocolate e Cacau trouxe para mim, não só para mim, mas para outras pessoas, uma nova visão, uma visão de negócios, de empreendedorismo, de criação e de ampliar cada vez mais nossa oferta de produtos”, relata dona Maria Belém, sobre os resultados da participação no evento.
As comunidades indígenas também marcam presença no Chocolat Xingu, trazendo para o público o lançamento do chocolate produzido em suas terras. Representantes, como Yah Juruna e Elinalva Juruna, trouxeram à tona a importância da representatividade e do reconhecimento das comunidades tradicionais na produção do cacau, apresentando seus produtos e culturas.
“Eu vejo esse festival como um evento muito bom, muito valoroso. É superimportante esses eventos e a gente tá podendo participar, tá trazendo representatividade da nossa TI, do nosso cacau pra cá, para as pessoas conhecerem. A gente tá lançando o nosso chocolate, a gente tá começando agora e já tendo esse reconhecimento de estar trazendo aqui para o festival é muito gratificante. Eu espero que as pessoas gostem do nosso chocolate, porque é um cacau natural, é orgânico, é nosso mesmo do povo indígena lá da Volta Grande”, destaca Yah Juruna, representante da marca ‘Yudjá’, lançada no festival.
Além da marca ‘Yudjá’, também foi lançada a marca ‘Karaum Paru’, da Terra Indígena Arara da Volta Grande do Xingu. Para Elinalva Juruna, liderança da aldeia Guary-Duan, o destaque do chocolate é a produção natural, sem o uso de agrotóxicos. “O diferencial do chocolate é um chocolate 100% puro, ele não tem nenhum tipo de agrotóxico, esse nosso aqui é 53%, ele não contém nenhum tipo de agrotóxico. A experiência de participar está sendo ótima, espero que no final a gente tenha vendido todo o nosso cacau, todos os chocolates, para a experiência ficar melhor ainda e rodar talvez o mundo, e levar essa diversidade para todo mundo”, projeta.
O Festival Internacional do Chocolate e Cacau neste ano, além das exposições de chocolate, conta com uma programação diversa de atividades, como o ‘Show Cooking’, o ‘Túnel Sensorial’, a ‘História do Chocolate’, a ‘Cozinha Kids’, o ‘Chocoland’ e ‘Atelier’, atrações que encantam os visitantes.
Entre eles, a professora Maria da Glória Alves, que não perdeu a oportunidade de acompanhar as programações e degustar os chocolates expostos. “Vale a pena degustar, apreciar e ver novas oportunidades e a gente está visitando os stands, vendo novas coisas, coisas que não tiveram no festival passado, estão tendo agora, e isso é bom para a gente, para a nossa região, para a nossa cidade e para os nossos agricultores. O cacau, é uma paixão da cidade e dos nossos agricultores e a gente aprecia, gosta e valoriza”.
Giovanni Queiroz, secretário de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e Pesca do Estado do Pará, reforça a união entre a Prefeitura e o Governo do Estado e salienta a produção de cacau da região. “Esse evento vem dessa vontade de Altamira ser um município realmente projetado internacionalmente, como já está, por essa amêndoa formidável. Essa parceria é fundamental, e temos todas as condições para que nós pudéssemos avançar na expansão da área produzida de cacau e com muito mais ganho de produtividade”, ressalta.
Responsável pela redução de 62% do desmatamento, Altamira vive uma mudança de chave, fazendo com que a produção agropecuária caminhe lado a lado com a agenda ambiental, como expõe o prefeito, Claudomiro Gomes. “Esse festival representa novos dias, um novo momento para a Transamazônica, para o Pará que cada vez mais está compromissado, tanto nosso governador quanto nós aqui no município com a Agenda Verde, com essa agenda que equilibra a produção com respeito ao meio ambiente. É este o caminho, é isso que vai fazer o nosso cacau, o nosso gado, a nossa soja, o nosso açaí, valer mais no mercado internacional porque aqui a gente produz com respeito às leis trabalhistas e com respeito as regras do meio ambiente e da sustentabilidade”.
A primeira noite do evento foi encerrada com a apresentação de cantores locais que embalaram e animaram o público ao som de músicas regionais, locais e internacionais.
A programação do Chocolat Xingu 2024 segue até o dia 16 de junho, domingo, no Centro de Eventos Vilmar Soares, com as atividades sendo iniciadas às 14h. O evento é uma realização da Prefeitura de Altamira, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura (Semagri), em parceria com o Governo do Estado do Pará, e com o apoio do Fundo de Desenvolvimento da Cacauicultura do Pará (Funcacau). E organizado pela MVU Promoções e Eventos, idealizadora do Chocolat Festival, criado em 2009.