O Festival Internacional do Chocolate e Cacau, que este ano teve sua terceira edição em Altamira, confirmou que o maior município do Brasil, além de gigante em território, também é o que realiza os maiores eventos do setor em todo o estado do Pará.
A coordenação do evento estima que o público deste ano foi superior ao da edição passada, com 132.421 visitas nos quatro dias. O Festival ocorreu de 13 a 16 de junho, ontem domingo. No ano passado, foram cerca de 120.000 visitas.
Durante a festa que celebra o potencial da cacauicultura na região, Altamira atraiu para o Centro de Eventos Vilmar Soares empreendedores locais e também de municípios da Transamazônica e Xingu, como Brasil Novo, Medicilândia, Anapu, Uruará, Pacajá, Placas e Vitória do Xingu.
Entre os 140 expositores, o Festival realizado pela Prefeitura de Altamira, também abriu espaço para produtores de outras regiões, como Barcarena e Igarapé-Miri, inclusive foi de Igarapé-Miri um dos títulos de melhor chocolate do Pará, concurso promovido dentro do evento. Brasil Novo e Vitória do Xingu também foram premiados.
Outro recorde do Festival Internacional do Chocolate e Cacau 2024: mais de 200 marcas foram expostas nos estandes, como o ‘Chocolate Ellas’, o ‘Chocolate com Jambu’ e ‘Gotas de Chocolate com Cupuaçu ‘.
Outro saldo positivo envolve a economia movimentada dentro e fora do Centro de Eventos, com projeções de 7 milhões de reais em vendas e acordos diretos, além de cerca de 20 milhões externos, com bares, restaurantes, hotelaria e serviços.
Novidade deste ano, a praça de alimentação para os comerciantes locais, atraiu diversas pessoas em busca dos serviços oferecidos. Quem gostou do espaço foi o empreendedor Gustavo Henrique Veloso, dono da marca ‘Molho de Pimenta de Manga ATM’, que lucrou bastante durante o evento. “Eu gostei muito porque a quantidade do público foi muito grande, então por ser um espaço aberto, é mais acessível para as pessoas, é mais confortável essa ventilação, então eu gostei, achei que foi um ótimo lugar para a empresa estar. As vendas foram ótimas, vendemos muito, esgotou todos nossos produtos, então o festival foi um sucesso”, comemora.
Para o empresário, a realização do Chocolat Xingu é uma oportunidade única para alavancar os empreendimentos locais e promover a movimentação da economia de Altamira. “O festival abriu as portas para minha empresa, não só pra minha, mas pra várias outras empresas e o legal é que a gente vai comercializando internamente aqui, a gente tá aqui, come alguma coisa, pega outra ali, então o dinheiro circula aqui, é isso que é legal do evento, que o dinheiro fica aqui, o pequeno empreendedor tem essa oportunidade, até e o grande empreendedor de expandir os negócios mais ainda”, relata.
Mais de 100 profissionais, entre servidores da Prefeitura e funcionários da empresa responsável pela marca do Festival, foram envolvidos na produção do evento.
Escultura
Um metro e setenta centímetros de comprimento e um metro de altura. Essas são as medidas surpreendentes da escultura de chocolate produzida no Chocolat Xingu 2024. Esculpida pelo chefe Léo Vilela e as assistentes Tayame Letícia e Jennifer Labres, o monumento do pescador em sua canoa no rio carregando cacau, chamou a atenção dos visitantes. Era por uma parede de vidro, que olhares atentos e encantados, acompanhavam cada detalhe da evolução da escultura. Entre eles, o médico veterinário Welyson Carvalho, que se surpreendeu com o monumento. “Me chamou bastante a atenção dela ser feita totalmente de chocolate, então eu fiquei bastante impressionado com essa escultura. É uma escultura bem detalhista, um trabalho muito bom, com bastante delicadeza. Então eu achei fantástico, os profissionais que realizaram estão de parabéns“.
Tayame Letícia, formada pelo curso de chocolatier ofertado pela Prefeitura de Altamira em parceria com uma empresa local, trabalhou na construção de uma escultura pela primeira vez. A chocolatier destaca que na realização pôde colocar em prática os conhecimentos que obteve no curso. “Foi o meu primeiro trabalho de escultura, eu nunca tinha trabalhado antes com tantos quilos de chocolate e moldar tudo à mão. O curso de chocolatier serviu como uma base e um incentivo para que a gente continue trilhando os nossos caminhos dentro da confeitaria e quem tem o interesse em seguir com essa linha de escultura, acredito que o curso de chocolatier da Prefeitura, é essencial”, comenta.
Após transformar 150 quilos de chocolate em escultura, o sentimento é de realização, ainda mais se tratando da maior produção já feita. “Aqui foi a maior escultura que eu já fiz em um evento, assim, em tempo corrido. O sentimento é de dever cumprido, depois de ver a obra e ver como as pessoas estão ali fora, todo mundo olhando e querendo tirar uma foto e isso não tem preço. Acho que todo artista quer ser visto, quer ter o seu trabalho entregue ao público e aqui isso é instantâneo, a gente termina e o público já está vendo ali e consumindo a nossa arte. Então é muito bom, é uma sensação muito boa. Acho que sou muito privilegiado de ter meu trabalho feito num evento como esse aqui e as pessoas podendo contemplar o resultado”, celebra o chefe Léo Vilela.
Demais atrações
Além da escultura, outras atrações encantaram o público, entre elas a ‘Rota Turística do Cacau ao Chocolate’, o ‘Kids Cooking’, palestras, workshops, Cozinha show, rodada de negócios, circuito gastronômico, apresentações folclóricas e shows locais.
Cozinha Show
O espaço dedicado a apresentações de diversas receitas gastronômicas de chefes locais, nacionais e internacionais, contou com a presença de milhares de pessoas que acompanharam a produção e se deliciaram com os pratos servidos.
O chefe frânces Thierry Keiflin, produziu a receita ‘Flacons de Amêndoas’ e aproveitou os dias de evento para conhecer as plantações de cacau em Altamira. “Eu apresentei uma receita baseada nas amêndoas de cacau com chocolate e leite. São chamadas de flacons de amêndoas, elas são servidas em um pequeno prato. É muito gostoso de provar e durante a preparação da receita, eu também fiz provas de chocolate de todo o mundo que foram muito apreciadas por todos os participantes. Durante o evento pude visitar plantações de cacau, conheci a maneira como a planta é recolhida e transformada em amêndoas. Foi muito interessante ver a motivação dos plantadores e eu estou impressionado de ver o quanto os brasileiros são apaixonados pelo cacau e de ver a transformação do cacau em chocolate”, conta encantado.
O também francês Abdel El Baiz, apresentou um prato típico do seu país e comenta a felicidade de estar participando do festival em Altamira. “Nós oferecemos as Noisettes de Léveque. Essa é uma especialidade que nós fazemos na França, ela parece uma pequena trufa, é de praliné, de chocolate preto, uma pequena gota de sal e tudo isso coberto de pimenta de cacau. O público provou, todo mundo gostou e estavam muito felizes. Estou muito feliz por ter participado deste festival, que foi organizado de forma muito impressionante. O Brasil é, para mim, um país que é sempre surpreendente. Eu já vim há alguns anos em minhas férias, e aqui eu descubro um Brasil do cacau, um Brasil do chocolate, um Brasil da gastronomia, e o nível é muito alto, e estamos muito felizes por ter participado desta experiência. Para nós, franceses, nós achamos que é algo bastante único, e estamos muito felizes por estarmos aqui em Altamira”, relata.
Circuito Gastronômico
Realizado pelo segundo ano consecutivo, a competição gastronômica desafiou estabelecimentos locais a criarem sobremesas exclusivas que valorizassem ingredientes da cadeia produtiva do cacau, explorando o potencial gastronômico de maneira inovadora.
Nesta edição, o ‘Master Chefe Altamirense’, reuniu 15 estabelecimentos que apresentaram receitas exclusivas e surpreendentes à base de cacau. Divido em duas etapas de avaliação, o circuito teve a fase final realizada dentro das programações do Chocolat Xingu 2024. Avaliado por chefes internacionais, a sobremesa vencedora da disputa foi o ‘BrownieWay’, um sorvete regional regado a calda de chocolate e praliné de nibs de cacau e castanha, da empresa CacauWay.
Para Rita Aguiar, chocolatier da CacauWay, a conquista do troféu do primeiro Circuito Gastronômico teve gosto de puro chocolate, literalmente. “O sentimento é de gratidão. O reconhecimento da nossa região, que esse prêmio não é meu, esse prêmio é nosso, é da nossa região, de uma região que até um tempo atrás era considerada como uma região que não tinha cacau de qualidade, que era refugo e que hoje nós temos amêndoa, ouro e que estamos aí na gastronomia, nos bares, nos restaurantes, cafeterias e o sentimento é gratidão mesmo, gratidão à família CacauWay”, comemora.
A chefe argentina Mariana Corbetta, jurada do Circuito, se surpreendeu com a qualidade dos pratos servidos pelos restaurantes de Altamira, inspirados na temática do Festival: o chocolate. “Estou surpresa pela apresentação, pela experiência e pela dedicação de todos eles. Eu gostei muito porque são sabores novos para mim, que eu sou da Argentina e há sabores que eu não conheço, e eu buscava a inovação e também por sabores que descubra em paladares diferentes e me eu surpreendi muito com tudo isso, não esperava tantas sobremesas incríveis”, relata.
Recorde de público, marcas e expositores, o Festival Internacional do Chocolate e Cacau realizado em Altamira pautou a imprensa regional e nacional, reforçando que aqui também é possível desenvolver um dos setores que mais ajudam a movimentar a economia no País, por meio de um evento que envolve desenvolvimento de novas tecnologias, sem deixar de lado o DNA que é quem de fato planta e colhe.
“O balanço do terceiro Chocolat Xingu é extremamente positivo em todos os aspectos. Nós batemos recorde de público, de negócios, uma presença significativa de pessoas de outras regiões do estado, de outras regiões do país, de outros estados, de chefes e profissionais do setor também de outros países. O diferencial daqui é a localização, a condição de você estar no meio da Floresta Amazônica, a quantidade de pessoas é sem dúvida o evento que tem maior público de todas as edições que a gente realiza. O calor humano, as pessoas são especiais, a vontade de aprender, essa sensação de pertencimento, esse orgulho regional, fazer isso às margens do Xingu, então tem várias razões especiais, tem um sabor especial”, destaca o idealizador do evento Marco Lessa.